Leishmaniose Canina
A Leishmaniose canina é uma doença endémica em várias zonas do globo, incluindo Portugal. Esta doença silenciosa é provocada por um protozoário (parasita do sangue), a Leishmania.
O cão é o principal hospedeiro e estima-se que em Portugal cerca de 110 mil cães estejam infetados, no entanto, a maioria não apresenta a doença. Tanto outros animais, nomeadamente o gato, como o Homem também podem ser afetados, uma vez que esta é uma doença zoonótica (transmissível ao Homem). A transmissão ao Homem não é feita diretamente pelo animal mas sim por um mosquito infetado, e um adulto normal não está em perigo de desenvolver a doença, mas idosos, crianças e adultos imunodeprimidos já representam um grupo de risco.

Como é que a Leishmaniose é transmitida?
Os parasitas são transmitidos aos cães e outros hospedeiros através da picada das fêmeas do mosquito flebótomo. Estes pequenos insetos têm maior atividade entre o anoitecer e o amanhecer podendo, no entanto, picar em qualquer altura do dia, e são encontrados em ambientes húmidos e frios, como por exemplo as tocas dos animais, fendas de árvores, sótãos, jardins, lagos de águas estagnadas, etc.
Dependendo das condições climáticas a atividades dos flebótomos pode estender-se desde Março até meados de Dezembro, sendo que a altura mais frequente começa em Maio e termina em Outubro, havendo dois picos de atividade em Julho e Outubro.
Animais que estão no exterior das habitações, vão passear à rua, cães de caça ou de raças exóticas, de pêlo curto ou de idade igual ou superior a dois anos correm um maior risco de ser infetados. No entanto, qualquer animal pode ser picado pelo mosquito uma vez que estes também entram nas nossas casas.
As zonas endémicas do nosso país são a área metropolitana de Lisboa e Setúbal, Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Interior, grande parte do Alto e Baixo Alentejo e o Algarve.

Quais os sinais clínicos que o meu animal pode apresentar se tiver Leishmaniose?
A doença tem um período de incubação que pode variar de 1 mês a 2 ou mais anos e os sinais clínicos são muito variáveis de animal para animal, variando consoante o grau de gravidade e a presença de outras doenças concomitantes.
No entanto há alguns sinais clínicos mais frequentes, podendo estes ser de dois tipos:
– Sinais cutâneos: crescimento exagerado das unhas; perda de pêlo; úlceras de difícil cicatrização, nomeadamente no nariz e pavilhões auriculares; seborreia generalizada e ainda processos degenerativos como hiperqueratose (fissuras) no nariz e almofadinhas plantares.
– Sinais sistémicos: diarreia; aumento dos gânglios linfáticos; emagrecimento; atrofia muscular; sangramento nasal; anemia; alterações renais e/ou hepáticas; inflamação a nível articular e consequente claudicação; entre outros.
Como posso saber se o meu cão tem Leishmaniose?
A única forma de saber se o animal tem Leishmaniose é realizando testes sanguíneos. Caso o animal seja positivo devem também ser testados os parâmetros renais e hepáticos para aferir se estes já se encontram afetados ou não.
Como posso prevenir a infeção por Leishmania do meu animal?
A prevenção da infeção é feita com base em 2 pilares:
– Impedir a picada do flebótomo usando inseticidas com efeito repelente como coleiras ou pipeta (atenção que nem todas têm efeito protetor contra o flebótomo).
– Desenvolvimento do sistema imunitário para defesa contra a Leishmania através da vacinação anual ou da toma de um xarope (Leisguard®) durante 4 semanas consecutivas nos meses de Junho e Outubro.
Caso o animal seja positivo para a Leishmaniose mas não apresente a doença não poderá vacinar mas pode fazer a prevenção do aparecimento dos sinais clínicos com o xarope.
Caso o animal seja positivo para a Leishmaniose e apresente a doença não poderá fazer vacina ou xarope mas deverá fazer a prevenção com repelente para prevenir a infeção de outros mosquitos.
O meu cão tem Leishmaniose, posso tratar?
A Leishmaniose é uma doença sem cura, no entanto, existem fármacos que permitem o tratamento desta e atenuar e/ou retardar o aparecimento dos sinais clínicos.
É no entanto importante reforçar que os tratamentos são muito caros, tanto pelo custo dos medicamentos como pelo custo das análises bianuais ou anuais necessárias para a monitorização da progressão da doença.
Venha visitar-nos ao Hospital House Vet e informar-se sobre tudo aquilo que pode fazer para proteger o seu animal desta doença!
E não se esqueça…chegou o mês de Junho…e os flebótomos andam por aí!
