A parvovirose é uma doença infecto-contagiosa dos cães, causada por um vírus chamado Parvovirus canino (CPV), e caracterizada por sintomas gastrointestinais e imunológicos.
É uma doença com elevada mortalidade, dependendo da virulência do vírus (da força do vírus) e da susceptibilidade do cachorro. A morte ocorre geralmente por septicémia (infecção sanguínea generalizada), coagulação intravascular disseminada (coagulação de todo o sangue dentro dos próprios vasos) ou falência multiorgânica.
A doença é contraída quando os cachorros vão à rua ou contactam com outros animais não vacinados. O período de incubação (o tempo entre a infecção e o aparecimento de sintomas) pode ir de 7 a 14 dias. É mais frequente em cachorros (embora possa acontecer em qualquer idade), sendo tanto mais severa quanto mais novo for o cachorro.
A excreção viral (a saída do vírus com as fezes ou outras secreções), começa 3 a 5 dias após a infecção, e antes de se iniciarem os sintomas. Esta excreção viral pode durar até 10 dias. Portanto um cachorro que tenha contraído o vírus pode contagiar outros antes mesmo de mostrar sinais (antes de desenvolver a doença).
É um vírus que, para além do intestino e do sistema imunitário, pode afetar o coração, causando morte súbita.
Os principais sintomas são diminuição de apetite, anorexia, vómitos, diarreia hemorrágica, perda de peso, desidratação, diminuição da vivacidade e letargia.
O diagnóstico é feito pela história clínica, pelo exame físico e por exame laboratoriais como o hemograma e o teste da parvovirose. Este último pode dar falsos negativos se o cachorro já não estiver numa fase de excreção viral (ou seja, se o vírus já não estiver a sair com as fezes). Existem outros exames menos utilizados por serem substancialmente mais dispendiosos.
O tratamento desta doença requer internamento numa unidade de isolamento sanitário, de modo a evitar o contágio de outros animais e aumentar a probabilidade de sobrevivência. Para além de ter que fazer soro 24h por dia, requer ainda a administração de vários medicamentos para tratar os sintomas como os vómitos e as dores, antibióticos, podendo até ser necessário fazer transfusões de sangue. É portanto uma doença de tratamento muito dispendioso, mas que vale a pena tentar tratar, pois muitos animais se salvam.
A única forma de prevenir esta doença, e consequentemente todo o sofrimento e despesas associados, é pela vacinação, não devendo o cachorro ir à rua ou contactar com outros animais, principalmente não vacinados, antes de completado o esquema de vacinação. A vacinação é um acto médico, que deve ser realizado por uma pessoa habilitada para o efeito, ou seja o médico veterinário. De fato, têm-se registado inúmeros casos de parvovirose em animais alegadamente vacinados. Nestes casos a vacinação é duvidosa, pois não foi realizada por uma pessoa acreditada pelo efeito, sendo muitos os motivos para a falha da vacinação ou da imunização. Foi o caso deste cachorro, que acabou por falecer de parvovirose poucos dias depois de ter sido adquirido. Este bébé tinha sido vacinado, mas na caderneta não constava qualquer carimbo ou identificação de um médico veterinário responsável por aquele acto. O esquema de vacinação aplicado não era apropriado para a idade, o que teve uma consequência fatal.
Os nossos conselhos ao adquirir um cachorro:
- Verifique as condições de higiene em que vive o cachorro, se não tem acesso à rua e se não contacta com outros animais.
- Verifique se a mãe do cachorro foi convenientemente vacinada e desparasitada. Uma mãe não vacinada não tem defesas para transmitir ao cachorro, o que aumenta a probabilidade de contrair a doença.
- Adquira de preferência um cachorro já vacinado (com as 2 doses da vacina completa, não apenas uma dose de vacina de bébé e uma dose da vacina completa, pois não chega) e desparasitado, pois é mais seguro.
- No caso de adquirir um animal já vacinado, no boletim de saúde, junto do selo da vacina, deve constar a data de aplicação da mesma, bem como o carimbo com a assinatura, nome e cédula profissional do médico veterinário que realizou o acto. Caso contrário, a vacina não deverá ser considerada válida.
- No caso de adquirir um animal não vacinado, deverá ter especial atenção aos primeiros conselhos, não deverá levar o cachorro à rua, nem permitir o contacto com outros animais até uma semana depois de concluído o esquema de vacinação. Deverá esperar também duas semanas antes de o vacinar, de modo a ver se aparece algum sintoma. Este período de “quarentena” corresponde ao período de incubação da doença.
MAIS VALE PREVENIR QUE REMEDIAR!